O que é trombose em cirurgia plástica?
Quando falamos sobre trombose em cirurgia plástica, estamos nos referindo a formação de coágulos sanguíneos em lugares que não foram operados pelo cirurgião plástico, sendo o mais comum nas veias das pernas, por isso, a trombose em cirurgia plástica também é conhecida como trombose venosa profunda.
Esse coágulo que se forma nas veias profundas da perna é conhecido como trombo. Daí vem o nome trombose. Apesar do local mais comum ser nas pernas, a trombose em cirurgia plástica também pode acontecer em outras veias, como na veia femoral ou ilíaca, na região da coxa.
O que causa trombose após cirurgia plástica?
Como dito acima, a trombose após cirurgia plástica é a formação de coágulos em veias de regiões que não foram submetidas a cirurgia (por exemplo, uma lipoaspiração abdominal pode causar coágulos na perna). A causa de trombose após cirurgia plástica nesses casos pode ser decorrente de vários fatores, dentre os quais se destacam:
Anticoncepcionais Orais
Sabemos que o uso de anticoncepcionais orais é um dos fatores responsáveis por aumentar o risco de desenvolver uma trombose venosa profunda após cirurgia plástica. Por isso, a maioria dos cirurgiões plásticos opta por descontinuar seu uso antes da cirurgia plástica, dependendo do porte do procedimento que você irá fazer.
Dispositivos intrauterinos (DIU), ao contrário das pílulas contraceptivas, não aumentam o risco de trombose, sendo inclusive o método mais indicado para pacientes que planejam uma cirurgia plástica em um futuro próximo.
Predisposição genética (trombofilias)
Alguns pacientes apresentam fatores genéticos que podem aumentar o risco de terem uma trombose durante uma cirurgia. Entre os mais comuns, podemos citar a mutação do fator V de Leiden e também a mutação da protrombina (aumenta em até 6x o risco de trombose). Apesar dos nomes difíceis, o que acontece é que essas mutações deixam o sangue mais predisposto a coagular, principalmente durante cirurgias em que o sistema de coagulação é estimulado.
Doenças Reumatológicas
As doenças reumatológicas também podem predispor a trombose, como a síndrome antifosfolípide ou outras. Por isso, se você sofre de alguma doença reumática e está em programação de realizar uma cirurgia plástica, é muito importante a avaliação de um reumatologista de confiança antes da cirurgia.
Obesidade
Realizar uma cirurgia plástica estética muito acima do peso pode por si só aumentar o risco de trombose no pós operatório. O ideal é que a cirurgia seja feita próximo ao peso ideal, com um índice de massa corporal (IMC) aceitável.
Cirurgias prolongadas
O tempo cirúrgico estimado da sua cirurgia plástica é outro fator que pode contribuir com um risco aumentado de trombose. Por isso, na hora do seu planejamento cirúrgico, caso você esteja programando realizar mais de um procedimento como lipoaspiração e abdominoplastia ou mamoplastia, converse com seu médico sobre a viabilidade de fazer tudo em uma ou mais etapas.
É muito comum realizar cirurgias combinadas, e isso por si só não é um problema desde que o limite de segurança em relação ao tempo cirúrgico estipulado pelo seu cirurgião seja respeitado. Muitas vezes, pacientes desejam “resolver tudo de uma vez” e aí pode ser um dos fatores que aumentará o risco de trombose em cirurgia plástica.
Imobilização prolongada
Após alguns tipos de cirurgia plástica, é comum que você tenha uma diminuição das atividades do dia a dia, porém o fato de ficar muito tempo na cama sem fazer caminhadas ou levantar pode diminuir a circulação sanguínea nas pernas (chamada de estase sanguínea) levando à trombose. Quanto mais você caminhar no pós operatório, melhor!
Cirurgias logo após o parto
Mulheres que acabaram de passar por uma gestação não devem ser submetidas a cirurgia plástica nos primeiros meses, pois o corpo ainda encontra-se com alterações hormonais típicas do puerpério, que sabemos aumentar os riscos de coágulos nas pernas. O ideal é esperar 3 a 6 meses após o fim da amamentação para programar a sua cirurgia.
Histórico de trombose
Pacientes que já tenham tido trombose no passado, seja em uma cirurgia ou espontaneamente, apresentam sim um risco aumentado de um novo evento caso sejam submetidos a uma cirurgia plástica. Isso não quer dizer que o procedimento seja contra-indicado, mas sim que o seu cirurgião irá tomar medidas adicionais no planejamento pré e pós operatório.
Como evitar trombose na cirurgia plástica?
Para evitar trombose na cirurgia plástica, existem muitas medidas que podem ser feitas neste sentido, apesar de não serem obrigatórias em todos os procedimentos! Há medidas tanto no pré operatório, quanto durante e após a cirurgia. Vamos listar abaixo algumas das principais:
Medidas pré operatórias para prevenção de trombose
- Não operar com exames de sangue alterados
- Suspender o uso de anticoncepcionais orais
- Operar dentro do seu peso ideal (obesidade pode aumentar o risco)
- Respeitar o planejamento operatório do seu médico
Medidas durante a cirurgia para prevenção de trombose
- Uso de meia elástica de média compressão durante cirurgias maiores
- Uso de compressor pneumático de pernas (massageador que estimula a circulação durante o procedimento)
- Uso de manta térmica durante a cirurgia para prevenção de hipotermia
- Evitar cirurgias muito longas, quando possível
Medidas após a cirurgia para prevenção de trombose
- Deambulação precoce após a cirurgia, ou seja, sair da cama o mais breve possível
- Manter hidratação adequada ingerindo bastante líquido
- Uso de anticoagulantes como enoxaparina, quando indicados no seu caso
- Continuar o uso da meia elástica
- Fisioterapia motora precoce, quando indicado no seu caso
Quem teve trombose pode fazer cirurgia plástica?
Se você já teve esse problema no passado, saiba que quem teve trombose pode fazer cirurgia plástica sim, mas no seu caso o médico poderá fazer uma investigação mais aprofundada do motivo pelo qual você teve trombose, podendo inclusive ter acompanhamento de um hematologista (médico especialista em problemas sanguíneos) no planejamento pré operatório.
Além disso, nestes casos a preferência é por fazer cirurgias menores e não combinadas, visto que quanto maior o procedimento, maior o estímulo a coagulação e, portanto, maior o risco de trombose. O uso de anticoagulantes no pós-operatório pode variar de alguns dias até meses no seu caso.
Hoje, o risco de trombose após cirurgia plástica pode ser estratificado em consultório através de várias perguntas que o seu cirurgião plástico irá fazer para você, a fim de detectar riscos aumentados para a cirurgia.
Quais os riscos da trombose após cirurgia plástica?
Apesar de todas as medidas preventivas, a trombose é descrita na literatura médica como uma complicação inerente a procedimentos cirúrgicos, mesmo que relativamente rara. Por isso, é importante que você conheça quais são os principais sintomas da trombose nas pernas após cirurgia plástica:
- Aumento da perna (em relação ao lado oposto)
- Dor na panturrilha ou coxa
- Enrijecimento da musculatura local
- Vermelhidão e calor
- Sensação de perna pesada
Esses sintomas são os mais comuns de acontecerem e podem não trazer repercussão alguma depois do seu correto tratamento, com o uso de medicamentos adequados e profissionais experientes ao seu lado. A grande preocupação desse problema é a embolia pulmonar que, apesar de ser um evento raro, pode fazer com que esse coágulo se desprenda das veias da perna e vá parar no pulmão, trazendo prejuízo à respiração.
Mas atenção: este blog tem caráter meramente informativo e não é adequado para se diagnosticar ou obter tratamentos. Se você tem alguma suspeita de que possa estar com esse problema, procure um pronto atendimento imediatamente! Além disso, as medidas de prevenção listadas acima são apenas exemplos, não sendo consideradas verdades absolutas para todas as cirurgias e não exclui medidas adicionais não listadas aqui.
Dr. Fernando Freitas, cirurgião plástico especialista em São Paulo
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